segunda-feira, 19 de setembro de 2011

O problema das drogas na sociedade.

Olá meus amigos e amigas, é com grande satisfação que escrevo minha primeira matéria na coluna de saúde de mais um novo empreendimento da nossa querida Itabaiana. Gostaria imensamente de agradecer o convite e espero retribuir à altura com muita informação sobre saúde.  
Nos últimos dias passei horas pensando sobre o que escrever na primeira matéria e vários assuntos me ocorreram, porém dedicarei este meu primeiro escrito sobre um tema que vem causando grande estrago na nossa sociedade destruindo inúmeras famílias e não escolhe classe social ou etnia; DROGAS.
Quando falamos em drogas de abuso, podemos voltar anos e anos atrás e buscar na mais longínqua sociedade o uso e abuso de drogas é bem mais antigo que o nosso modelo de sociedade atual, como o tema é muito amplo dedicarei a cocaína e crack/oxi as drogas que mais causam estrago na nossa sociedade atualmente. (coloco crack/oxi juntos porque as duas formas da droga utilizam a mesma via de administração e diferem apenas nas substâncias que são utilizadas no processo, sendo que no refino do oxi são utilizadas substâncias de menor custo como, gasolina, querosene e diesel).
Os primeiros relatos na humanidade de uso de cocaína relatam 4.500 anos A.C, civilizações pré-colombianas andinas e ainda antes deste relato algumas tribos indígenas também utilizavam as folhas de coca em seus rituais. Em 1859, o extrato de cocaína foi isolado, mas somente 27 anos depois a cocaína passou a ser utilizada na indústria, o Farmacêutico John Styth, criou um “soft drink”, chamado de coca-cola e utilizou o extrato na sua composição, contudo em 1906 a cocaína foi substituída por cafeína.
Existiram outras tentativas de utilizar a cocaína, mas todas as utilizações foram descartadas em virtude das contra indicações ou problemas relatados com o uso da droga inviabilizaram totalmente sua utilização.   
Podemos relatar que crack/oxi também são cocaína, as diferenças entre elas estão relacionadas principalmente a via de utilização da droga, já que o crack/oxi são fumados e a cocaína e utilizada como pó (aspirada) e isso faz toda a diferença. Existe também diferença no refino da droga, a cocaína passa por um processo de refino mais elaborado, utilizando geralmente ácidos e solventes orgânicos (todos cancerígenos), já o crack/oxi são refinados utilizando bases como amônia e também solventes (também todos cancerígenos).
Assim que o crack/oxi é fumado a droga chega ao pulmão (órgão intensamente vascularizado e com grande superfície de absorção) é absorvida rapidamente “encurtando” o caminho até o cérebro manifestando seus primeiros efeitos em segundos, já a cocaína apresenta seus efeitos em 10 ou 15 minutos. Sendo assim, esta diferença irá promover uma duração de efeito do crack/oxi muito rápida e intensa, a quantidade de droga disponível na corrente sanguínea pode ser de até 5 vezes maior, se comparado ao usuário de cocaína. Vale ressaltar que a quantidade de droga menor disponível no sangue nos usuários de cocaína não implica que o usuário poderá livrar-se da dependência facilmente e sim os efeitos do crack/oxi são piores que a forma da droga inalada, a “fissura” do crack/oxi é bem mais intensa já que os efeitos são muito rápidos e intensos. 
A tendência do usuário é aumentar a dose da droga na tentativa de sentir efeitos mais intensos. Porém, essas quantidades maiores acabam por levar o usuário a comportamento violento, irritabilidade, tremores e atitudes bizarras. As complicações dos usuários se estendem em vários diversos órgãos; Sistema Nervoso Central; Convulsões, derrame, depressão, paranóia, transtorno delirante, psicose, pânico e delirium; Problemas Cardíacos; cardiomiopatias, IAM (infarto agudo do miocárdio) e Morte súbita; Sistema respiratório; asma, pneumotórax; Problemas gastrointestinais; sangramento e infarto; Problemas renais; como rabdomiólise; Disfunção sexual e perda de peso rápida. Convém lembrar que não são as complicações de saúde que mais matam os usuários e sim problemas associados à violência; o número de sobreviventes relacionados ao traficante ou ao usuário são cada vez mais baixo.
As chances de recuperação são pequenas e dependem de um tratamento especializado com uma equipe multidisciplinar, apoio da família e principalmente persistência do usuário já que apresentam inúmeras recaídas. Outra dificuldade é o tratamento caro e de difícil acesso principalmente nas instituições públicas, já que poucas cidades brasileiras possuem CAPS AD (Centro de Atenção Psicossocial Álcool e drogas).  
Existem inúmeras pesquisas sendo realizadas no mundo todo para viabilizar o melhor tratamento para os usuários, mas a depência quimica envolve um estado patológico que acomete o usuário, a interupção repentina do uso promove inumeros sintomas fisicos negativos que podem levar o paciente a quadros graves de saúde. Todas as drogas de abuso atuam no circuito de recompensa cerebral, direta ou indiretamente, causando uma descarga de neurotransmissores (por exemplo adrenalina), podendo levar o usuário a buscar repetidamente essa sensação de falsa prazer.
            Portanto, o melhor caminho para enfrentar as drogas é evitar o primeiro contato, não só para a cocaína e o crack/oxi, mas todas as drogas sejam elas lícitas ou ilícitas.

Igor Alexandre Oliveira Santos
Farmacêutico – UFS
Especialista em Farmacologia Clínica – FACINTER/PR
Mestrando em Ciências Farmacêuticas (Toxicologia) - UFS

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